sexta-feira, 9 de novembro de 2007

O menino, o carrinho e o amor


Me sinto desmontado; desfragmentado, como um garoto que, sentado na varanda da sua casa, desmonta seu carrinho e o monta novamente, apenas pra ter o prazer de ver seu brinquedo destruído por um tempo.


Ultimamente tenho dado alguns passos, encontrado alguns reflexos de mim, até pouco tempo desconhecidos. Devido a isso me sinto amedrontado, retraído, com a mente meio cubista. Um terror absoluto preso em sentimentos que para alguns são a essência de um ser humano; para mim, algo trivial e doloroso. Amor.


Interessante como somos obrigados amar. Lutamos pelo amor, compramos ou vendemos amor. Matamos por amor. Enlouquecemos por ele. Sentimento estranho, com definições divergentes e nunca concluídas. Nos sentimos seres privilegiados por amar; para mim, os animais tambem amam, assim como toda forma de vida. Estes amam, instintivamente, talvez melhor e de forma mais sincera que nós humanos, proprietários do amor, seja ele erótico ou pseudo-cristão, não sei...


O homem tem a capacidade de expandir este sentimento, remodelá-lo; restaurá-lo à sua forma original: sincero e nobre. Esta capacidade ainda não alcancei. Ainda está cedo, poderia dizer meio encabulado, possa ser que amanhã ou daqui a dez minutos eu mude meu pensamento e alguem me encontra cheirando rosas e abraçando crianças. Por enquanto, no momento presente, talvez eu esteja me vendo no garoto sentado na varanda, com seu carrinho desmontado na mão, não sabendo por onde remontá-lo.

Um comentário:

Anônimo disse...

De uma sensibilidade extrema esse texto. Muito bom.

Parabéns!