terça-feira, 4 de março de 2008

O ovo e a galinha, a galinha do seu ovo, o ovo que come a galinha, etc... Clarice e Aristóteles endoidam um...


"Ver o ovo é impossível: o ovo é supervisível como há sons supersônicos. Ninguém é capaz de ver o ovo. O cão vê o ovo? Só as máquinas vêem o ovo. O guindaste vê o ovo. – Quando eu era antiga um ovo pousou no meu ombro. – O amor pelo ovo também não se sente. O amor pelo ovo é supersensível. A gente não sabe que ama o ovo. – Quando eu era antiga fui depositária do ovo e caminhei de leve para não entornar o silêncio do ovo. Quando morri, tiraram de mim o ovo com cuidado. Ainda estava vivo. – Só quem visse o mundo veria o ovo. Como o mundo o ovo é óbvio."


Vai saber o que Clarice LInspector quis dizer com este texto que foi minha tormenta para os estudos pré- vestibulares.


Quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?
Acredito que este seja um dos questionamentos mais paradigmáticos dos nossos tempos, a mãe de todas as especulações.
Segundo Aristóteles, a galinha tem primazia sobre o ovo. A origem desta radical tomada de posição aristotélica em favor da galinha acha-se na distinção do ser em potência e ato, íntima de Aristóteles. Entre o ser em estado acabado, o ser em ato, e o puro não-ser, tende-se a um intermediário, o ser em potência, que já pertence ao real sem estar ainda perfeitamente realizado. As mudanças e movimentos explicam-se dizendo que são a passagem do ser em potência ao ser em ato. Portanto, a galinha é anterior ao ovo.
Eu, infelizmente, preciso discordar do meu caro amigo Aristóteles. Na minha opinião, o ovo é anterior à galinha.
E a minha explicação é bem mais simples: na era dos dinossauros já existiam ovos. E nada de galinhas.
Mas, para manter viva esta especulação milenar, sugiro que, a partir de hoje, o questionamento seja reformulado para:
“Quem nasceu primeiro: o ovo DA GALINHA ou a galinha?
Aí são outros 500...

Um comentário:

Anônimo disse...

Clarice ainda vai conseguir dar um nó na cabeça de alguém!