quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Ela e o gato: seus pontos de vista.

Bom, como toda maioria julga um livro pela capa, alguns podem dizer que animação japonesa é um resumo de pessoas de olhos enormes que vivem em pancadaria; típica destruidora de mentes infantis. Errado. Alguns retratam conceitos e experiências humanas de uma forma que, facilmente, um indivíduo se encaixaria no perfil.

Essa semana reassisti um curta, chamado Ela e seu gato (kanojo to kanojo no neko). Desenvolvido pelo diretor Makoto Shinkai, esta animação de apenas cinco minutos de duração retrata o dilema de uma garota apartir dos simples e pequenos pontos de vista de seu hóspede, um gato.

A narração vai levando o expectador a observar o amor nutrido do gato por sua dona e a angústia deste não conseguir compreender os sentimentos humanos. É uma história que retrata o amor na sua forma mais pura e simples, sem esperar nada em troca; apenas dois confidentes que dividem juntos a solidão de suas vidas.

Falar sobre as obras de Makoto Shinkai é acrescentar seus trabalhos com fotografias, um recurso que ele utiliza para tirar preciosidades nas coisas mais simples. Sinceramente, "Ela e seu gato: seus diferentes pontos de vista" é uma obra prima de difícil compreensão se for vista do alto; na verdade, é um toque genioso de um poeta que, de uma forma comovente, pueril e externamente simples, explica algo tão complexo como são os sentimentos humanos. Veja abaixo o curta:



2 comentários:

Clédson Miranda disse...

Cara, eis, para mim, o valor da arte cinematográfica (mesmo em se tratando de um desenho animado - pelo fato de ser muito desvalorizado enquanto arte!): este anime consegue dizer sobre a percepção e o perspectivismo tanto quanto um tratado de Fenomenologia.

O valor da arte reside justamente no fato de produzir uma apreensão do real tão valiosa quanto outras formas de conhecimento. E o melhor de tudo isso é que a arte nos coloca em contato direto com o mundo. Como se aprende o mundo através da arte? Intuindo!

Parabéns pela bela postagem! Obrigado pelo novelo de sensações!

Clédson Miranda disse...

Gilles Deleuze, um filósofo francês contemporâneo, afirma, em sua proposta filosófica denominada "filosofia do acontecimento", que a função do artista é produzir sensações.

Os afetos e sensações são a nossa relação mais direta com o mundo, pois se estabelecem a partir de percepções da realidade.

Assim, o artista produz uma abertura para a realidade que, mediante outras formas de apreensão, tal como a ciência, por exemplo, não se conseguiria chegar.

Em meio à avalanche de mediocridade que nos assola, seu blog nos dá provas de sua função de artista: criar a diferença!