segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Rompimento


Ainda criança, eu tinha como passatempo cuidar de uma horta que meu pai havia feito no fundo do quintal. Certo dia, ao regar, havia percebido que uma planta (não lembro o nome) tinha o seu broto quebrado. "Basta você arrancar o galho quebrado, e nascerá outro talo em seu lugar." Embora tenha ouvido isso, fiquei com pena, pois as folhas ainda estavam verdes e deixei como estava. No outro dia, retornei ao quintal e a planta quebrada estava se entortando, incapaz de aguentar seu próprio peso. Foi como ele disse, não havia escolha a não ser cortar a parte quebrada. Não havia opção, senão romper o galho e deixar que outro nascesse.

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Ontem, observando o pôr- do- sol no alto da cidade, fazia muito frio. Com goles de uma bebida quente acabei me pegando em alguns equívocos. Imaginava um futuro alternativo (mas quem não faz isso?) e angustiava com tudo isso. Creio que essas reações presentes sejam frutos de uma circunstância pessoal, incompreendida por mim mesmo, às vezes. Mas é um fato.
Só posso dizer que eu tenho a alternativa de arrancar o galho quebrado, mesmo que ele pareça estar saudável... Este galho são todos aqueles desejos de outrora, e aqueles que fluem ainda em mim. No entanto, volto a lembrar da minha infância, quando acreditei que deixando ele ali tudo ficaria bem, o que resultou na morte daquela planta. Por que o homem acaba remoendo lembranças da infancia para comparar com a realidade presente? Eu sou assim; várias vezes nunca me cansando disso, como um tolo, repetindo e repetindo a única coisa que sabe fazer, sendo assim, incapaz de romper aquilo que permite uma estabilidade.

Um comentário:

Annanda Galvão disse...
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