sábado, 23 de julho de 2011


Um andarilho

De passo em passo, troca pensamentos com o asfalto. Caminha lentamente, ao passo que sua idade e juventude correm de acordo com o que a vida rouba de si.

É na vida que ele pensa, e não nas toturas que o solado de seu sapato sofre. "Foram fabricados para sofrer meu peso e o calor do asfalto. Pra que reclamar?" - Era a sua justificativa.

Passa por estradas desertas e não encontra ninguém; cruza pequenas casas, e rejeita companhia. Ele quer o sentimento de quem opta em levar a vida com sua própria força, mas acaba ouvindo vozes ao fundo, entre cochiços, que o arranca do pedestal de um herói: "Pobrezinho, não suportará as cruzes da maturidade." Faz amizades, para matar o tempo; Sente a felicidade das crianças e de seus jogos em coletivo.

Mas aquele não é o seu lar.

Ele mora sozinho. E na estrada.




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