
Sentado num banco daquela praça, lá estava aquele velho homem cumprindo seu típico ritual de alimentar os pombos. Sua expressão apática parecia não se importar com mais nada que se relacionava com a sua existência; trajando seu velho moleton desbotado, parecia aguardar a Dama Morte a fim de cumprir a única certeza humana.
De onde eu estava pensei que ele apenas alimentava os pombos como um mero passatempo. Jogou, pois, mais um punhado de alpiste, e sorriu. Tal expressão de afeto, ou não, me deixou transtornado. Não me perguntem por que, uma vez que sentimentos não são explicados, por isso minha crise diante deles.
Enfim o velho notou minha presença e me convidou para sentar próximo a ele, como quem queria iniciar algum diálogo. Não possuia, e não possuo, o hábito de conversar com idosos; talvez por não preferir as dicas pré- fabricadas de sobrevivência daqueles que há muito tempo permanecem em vida. Tive o receio, mas minha ânsia falou mais forte e me aproximei.
O calor da tarde deu espaço para que sentisse um frio psicológico; passei a notar a melancolia enrugada naquele rosto esculpido pelo tempo e pelas ausências que experimentara. Sentado no banco da praça, lá estava ele e eu: dois pontos de vista diferentes sobre o mundo, encarnados em contextos diferentes.
Ele possuia um semblante sofrido, angustiado, como se a dura realidade fosse sua mãe por um bom tempo; ou talvez algo que ele esculpiu à sua imagem e semelhança. Talvez não tenha sido um bom filho, um bom pai, um bom avô, e tenha recebido como castigo dos céus a essência opaca, e a observá- la naquele lugar.
Não conversamos nada, apenas observàvamos os pombos. Passei a me enxergar nele e ver séries de futuros alternativos; ele me olhava e tinha sensações nostálgicas, de tentar alcançar a juventude esquecida. O velho e o moço.
Voltando à realidade, imaginei que nada mais existia além de pombos, alpiste e duas sombras esquecidas no meio do outono.
De onde eu estava pensei que ele apenas alimentava os pombos como um mero passatempo. Jogou, pois, mais um punhado de alpiste, e sorriu. Tal expressão de afeto, ou não, me deixou transtornado. Não me perguntem por que, uma vez que sentimentos não são explicados, por isso minha crise diante deles.
Enfim o velho notou minha presença e me convidou para sentar próximo a ele, como quem queria iniciar algum diálogo. Não possuia, e não possuo, o hábito de conversar com idosos; talvez por não preferir as dicas pré- fabricadas de sobrevivência daqueles que há muito tempo permanecem em vida. Tive o receio, mas minha ânsia falou mais forte e me aproximei.
O calor da tarde deu espaço para que sentisse um frio psicológico; passei a notar a melancolia enrugada naquele rosto esculpido pelo tempo e pelas ausências que experimentara. Sentado no banco da praça, lá estava ele e eu: dois pontos de vista diferentes sobre o mundo, encarnados em contextos diferentes.
Ele possuia um semblante sofrido, angustiado, como se a dura realidade fosse sua mãe por um bom tempo; ou talvez algo que ele esculpiu à sua imagem e semelhança. Talvez não tenha sido um bom filho, um bom pai, um bom avô, e tenha recebido como castigo dos céus a essência opaca, e a observá- la naquele lugar.
Não conversamos nada, apenas observàvamos os pombos. Passei a me enxergar nele e ver séries de futuros alternativos; ele me olhava e tinha sensações nostálgicas, de tentar alcançar a juventude esquecida. O velho e o moço.
Voltando à realidade, imaginei que nada mais existia além de pombos, alpiste e duas sombras esquecidas no meio do outono.