segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Discutindo cinema : Tabu


Já se passou um bom tempo, desde que prometi produzir um comentário acerca do filme Tabu (Twelhead/Nothing is private). Devido aos contratempos (universidade, trabalho, vagabundagem e preguiça), acabei emperrando o mesmo, deixando sempre pra mais tarde.

Bem, justificativas à parte, venho dizer que o filme é uma visão acerca das descobertas da sexualidade, para uma adolescente e seus conflitos com uma educação moralista. O filme, baseado no romance polêmico da Alicia Erian, narra o drama de Jasira, uma garota que chega ao fim da infância, batendo às portas da adolescência; o contexto do filme gira em torno do período de guerra no Iraque, onde a garota mora com a mãe americana (interpretada pela atriz Maria Bello) e seu futuro padastro que possui um encantamento pelo amadurecimento precoce da adolescente, sobretudo nos aspectos hormonais. Diante de um desentendimento, a própria mãe entrega a guarda da filha ao pai (interpretado pelo Peter Macdissi), um rígido libanês que reside no Texas. Jasira passam então, a viver diante às regras opressoras da figura paterna, apoiadas nos valores morais da religião mulçumana.

Perante tal convivência, a personagem não encontra uma educação voltada à sua sexualidade, nem como entender tais descobertas voltas às pulsões sexuais, ao seu corpo e como lidar com ele. Uma garota ingênua, muito bem interpretada pela atriz Summer Bishil, dentro de um corpo de mulher, o qual chama atenção de homens, dentre eles o seu vizinho, um soldado da marinha. Faz parte do elenco, também, a atriz Toni Collete, que mantém o papel de uma dona de casa, em gestação, que se oferece como porto seguro para a Jasira.

O filme de desenrola entre conflitos que afligem a garota, seja na escola, através de insultos e agressões, verbais e físicas, sofrida pelos outros colegas, devido a sua origem étnica (por isso o nome Towelhead, tumbante); conflitos gerados no convívio entre ela e seu próprio pai, onde ela passa por um processo de abandono dos costumes liberais, para uma vida voltada à dominação masculina, dentro da própria casa; e consigo mesma, onde ela não consegue lidar com transformações em sua vida, com seus compulsivos sentimentos sexuais pelo vizinho (interpretado pelo ator Aaron Eckhart), e a descoberta do amor.

Em minha opinião, um filme interessante. O espectador se prende ao dilema da garota Jasira; a interpretação da atriz proporciona uma empatia com o sofrimento da garota e seu medo diante da figura paterna. O filme contém um roteiro simples, direto. A conjuntura na qual o filme se apega retrata conflitos étnicos, bem representados pelos atores, sobretudo o clima tenso entre o pai da garota, mulçumano, e o seu vizinho que sempre aponta os mulçumanos como terroristas (há um momento do filme em que o personagem do Peter Macdissi procura mostrar maior patriotismo que o próprio vizinho, que é natural dos Estados Unidos). Algumas cenas norteiam, na minha interpretação, a sinais de dominação norte-americana para com outros povos, conforme a cena do contato íntimo entre o vizinho militar e Jasira.

Enfim, é um filme que vale a pena conferir. Depois do clássico de Stanley Kubrick, Lolita, é um filme que indico. Garimpar este filme na locadora me proporcionou um bom momento; gostei, valeu à pena. Deu vontade de assistir novamente rsrsrs. Enfim, tenham acesso e tirem suas próprias conclusões.


Trailer do filme:


Um comentário:

Keke disse...

Parece bem interessante!! Entrou na lista de filmes à serem assistidos, que anda enorme (e não dá sinais de que vai esvaziar por agora...). Curioso para ver essa convulsão de dúvidas e sentimentos chamada Jasira.