sábado, 30 de agosto de 2008


Uma sensação agradável, como se a forma física estivesse se desintegrando e espalhando para preencher toda integridade da existência.

Complementação Humana. Caso exista uma nova forma de vida após a morte, é essa, para mim, a idéia mais aceitável...

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Into the Wind


Não lembro quando foi a primeira vez que tive contato com o mar; mas tenho lembranças da minha tamanha surpresa diante daquela imensidão, que via apenas em fotografias, ou narrações daqueles que o conheceu. Os únicos presentes do mar são golpes muito duros e um sabor nada doce em conhecê-lo. Mas é gostoso... A chance de sentir- se forte também é frequente quando somos banhados por seus golpes.


Eu não conheço muito o mar, no sentido mais profundo do verbo "conhecer", mas sei que as coisas são assim. E também sei como isso é importante na vida. Não necessariamente ser forte, mas SENTIR-SE forte; confrontar- se ao menos uma vez na vida consigo mesmo e pesar os desejos mais profundos e íntimos, e chegar a uma conclusão de que a felicidade é plena quando partilhada. Achar- se ao menos uma vez na vida, na mais antiga condição humana, enfrentar aquela pedra cega e surda a sós... Enfrentar a si mesmo, sem outra ajuda, além das próprias mãos e mentes.


Aquelas perguntas continuarão vindo, sinto isso. Mas considero que, talvez, se as respostas para tais questionamentos viessem tão rápidas e pré- fabricadas, com certeza não aproveitaria o pôr-do-sol sortanejo numa tarde de domingo, ou relembraria o sabor salgado e forte do mar.


Muito Obrigado.








segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Rompimento


Ainda criança, eu tinha como passatempo cuidar de uma horta que meu pai havia feito no fundo do quintal. Certo dia, ao regar, havia percebido que uma planta (não lembro o nome) tinha o seu broto quebrado. "Basta você arrancar o galho quebrado, e nascerá outro talo em seu lugar." Embora tenha ouvido isso, fiquei com pena, pois as folhas ainda estavam verdes e deixei como estava. No outro dia, retornei ao quintal e a planta quebrada estava se entortando, incapaz de aguentar seu próprio peso. Foi como ele disse, não havia escolha a não ser cortar a parte quebrada. Não havia opção, senão romper o galho e deixar que outro nascesse.

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Ontem, observando o pôr- do- sol no alto da cidade, fazia muito frio. Com goles de uma bebida quente acabei me pegando em alguns equívocos. Imaginava um futuro alternativo (mas quem não faz isso?) e angustiava com tudo isso. Creio que essas reações presentes sejam frutos de uma circunstância pessoal, incompreendida por mim mesmo, às vezes. Mas é um fato.
Só posso dizer que eu tenho a alternativa de arrancar o galho quebrado, mesmo que ele pareça estar saudável... Este galho são todos aqueles desejos de outrora, e aqueles que fluem ainda em mim. No entanto, volto a lembrar da minha infância, quando acreditei que deixando ele ali tudo ficaria bem, o que resultou na morte daquela planta. Por que o homem acaba remoendo lembranças da infancia para comparar com a realidade presente? Eu sou assim; várias vezes nunca me cansando disso, como um tolo, repetindo e repetindo a única coisa que sabe fazer, sendo assim, incapaz de romper aquilo que permite uma estabilidade.

domingo, 24 de agosto de 2008

sábado, 23 de agosto de 2008




"Eu, alquimista de mim mesmo. Sou um homem que se devora? Nao, é que vivo em eterna mutação, com novas adaptações a meu renovado viver e nunca chego ao fim de cada um dos meus modos de existir. Vivo de esboços não acabados e vacilantes. Mas equilibro-em como posso entre mim e eu, entre mim e os homens, entre mim e o Deus.
Vivo em escuridão da alma, e o coração pulsando, sôfrego pelas futuras batidas que não podem parar". Clarice Linspector.


Mutação essa que me assombra. Sei que o homem constantemente muda seus conceitos, até mesmo da forma mais indesejada possível; é dialético, e esse conceito vem à tona quando eu sou o protagonista de minha história.


Mudanças dóem, e não sei lidar com a dor. É como um processo de lapidação, ou qualquer metamorfose de um ser vivo: é necessário arrancar aquilo que não serve mais, para que algo novo e mais forte renasça ( assim como os amores antigos? ). É interessante, mas não sei lidar com a dor, bem como àquilo que virá e não sei em que proporção. Para ficar mais forte? NO momento ainda me habituo com minhas fraquezas; as odeio, mas odeio ainda mais o fato de não resistir às dores. Sentimento esse desequilibrado, pois é uma luta entre dois lados opostos presentes em mim e, entre eles, permanece o "eu" confuso.


Dor é algo natural e que está contido no ser humano. Para alguns, que vivem constantes momentos dolorosos, passam a acreditar que a vida é pura dor.

Mas ontem, acabei ouvindo uma frase e me fez anestesiar por um tempo. Era algo que dizia que, apesar da dor ser intensa, devemos encará-la; se iniciou algo, continue, mesmo que a dor pareça não terminar.


Essa palavra tão citada aqui neste texto me parece agora familiar; não somos amigos ainda (risos) mas sou capaz de agora convidá-la a inserir em mim em troca de algo agradável. Esse pensamento pode ser resultado de uma pequena lapidação, aquela nossa de cada dia, imperceptível, porém reluzente àqueles que a conseguem ver.



Clover

Hoje lembrei de uma cena final de uma animação ( eu e minhas animações ), a qual numa despedida, o protagonista recebe de sua paixão platônica, fatias de pães com mel e em cada fatia um trevo de quatro folhas. Ele comia os pães, compulsivamente e sentia, junto ao mel, o salgado sabor das lágrimas. Durante todo o tempo ele imaginou que estaria sempre presente naquele ambiente, envolto de toda uma realidade, porém esta se dissolveria apartir daquele momento em que estava sentado no onibus com o destino à sua nova vida.

Bom, pães e mel posso encontrar em qualquer lugar. E os trevos de quatro folhas? Qual é a felicidade maior: receber uma sorte quando se encontra o trevo, ou o fato de encontrar algo tão difícil como ele?

Ei, seria eu capaz de chorar por algo encontrado?




quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Sapato Novo
Los Hermanos

Composição: Marcelo Camelo

Como vai você? levo assim, calado
de lado do que sonhei um dia
como se a alegria recolhesse a mão
pra não me alcançar

poderia até pensar que foi tudo sonho
ponho meu sapato novo e vou passear
sozinho, como der, eu vou até a beira
besteira qualquer nem choro mais
só levo a saudade morena
e é tudo que vale a pena

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

The Little Willies


"O mar pode nos afogar
Pode nos inundar
Com o seu rosto azul
Porém não consegue nos separar
Porque o amor respira sobre o mar

O ar pode nos ressecar
Pode nos carregar
Com o seu vento sul
Porém não consegue nos apagar
Porque o amor aumenta com o ar

Sempre que estiver à noite a chorar
Saiba que estarei aqui
Seco a água de seu pranto a soprar
Não demoras a sorrir

Se o vento é de levar
O mar é de trazer
De volta o que se vai
E a onda quer devolver
O amor de eu e você."

Ela e o gato: seus pontos de vista.

Bom, como toda maioria julga um livro pela capa, alguns podem dizer que animação japonesa é um resumo de pessoas de olhos enormes que vivem em pancadaria; típica destruidora de mentes infantis. Errado. Alguns retratam conceitos e experiências humanas de uma forma que, facilmente, um indivíduo se encaixaria no perfil.

Essa semana reassisti um curta, chamado Ela e seu gato (kanojo to kanojo no neko). Desenvolvido pelo diretor Makoto Shinkai, esta animação de apenas cinco minutos de duração retrata o dilema de uma garota apartir dos simples e pequenos pontos de vista de seu hóspede, um gato.

A narração vai levando o expectador a observar o amor nutrido do gato por sua dona e a angústia deste não conseguir compreender os sentimentos humanos. É uma história que retrata o amor na sua forma mais pura e simples, sem esperar nada em troca; apenas dois confidentes que dividem juntos a solidão de suas vidas.

Falar sobre as obras de Makoto Shinkai é acrescentar seus trabalhos com fotografias, um recurso que ele utiliza para tirar preciosidades nas coisas mais simples. Sinceramente, "Ela e seu gato: seus diferentes pontos de vista" é uma obra prima de difícil compreensão se for vista do alto; na verdade, é um toque genioso de um poeta que, de uma forma comovente, pueril e externamente simples, explica algo tão complexo como são os sentimentos humanos. Veja abaixo o curta:



quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Olimpíadas Stalinistas, digo "comunistas": a dublagem e a (o)pressão.


Não tanto pela necessidade de demonstrar ser "do contra"; opiniões ultrapassam meros rótulos. O fato de demonstrar uma opinião acerca dos eventos que estacionam a mente do mundo é algo que deve ao menos ser lido, para concordar ou repudiar.
Simbolos valem mais que mil palavras, às vezes; charges, muito mais. Sobretudo, aquelas censuradas pela mídia, ou pelo governo o qual é atacado por elas.
Esta mostra, sem dúvida, a opinião do chargista acerca das Olímpiadas em Pequim. Uma China que mata a dignidade de seus cidadãos e em troca abre as portas para o lucro que recebe por meio do evento "esportivo" . Uma republica que se reivindica comunista, haha... comunista. Trotski sabe muito bem do que estou rindo.

O que mais me impressionou, e considerei incrivel (não no aspecto maravilhoso da palavra, mas sim pela situação lamentável) foi a tentativa de "maquiar" os componentes do evento olímpico, como foi o caso da criança Yang Peiyi, uma chinesinha de sete anos,dona de grande voz, mas que não tinha os atributos corporais para se apresentar num evento tao importante (só por ser fofinha)... o que fizeram?foi substituida pela Lin Miaoke, uma garotinha de nove anos, que subiu ao palco e meramente mecheu seus lábios, dublando algo que não era seu. As crianças são culpadas?

Outros alvos e iscas daqueles que nos trazem grande alegria patriótica ( 5 de outubro é o dia de provar se somos patrióticos. Não, não é dia de Copa do Mundo) são, claro, os próprios atletas; e a nossa mãe Globo é a grande incentivadora para que esses cometam seus suicidios psicólogicos quando são pressionados a darem o melhor de si, mesmo quando dão passos maiores que suas pernas, metafóra e literalmente falando.

Bom, não sei se fui claro acerca de tudo isso que está acontecendo a nível mundial. Sonhos de crianças são fragilizados por substituições e dublagens; atletas vendem sua força de trabalho em troca de uma medalha burguesa (Marx explica); ativistas são abordados e repreendidos brutalmente fora das lentes televisivas; a censura é propagada vergonhosamente contra a liberdade de informação. Sim, eu sei, as olimpíadas continuarão acontecendo; não iria parar por que expressamos uma opinião contrária à forma como o esporte é retratado diante dela. Mas não me ponha na cabeça que este é um país de ideais comunistas; não sou otário e peço que tambem não sejam.

E as charges que virão com certeza hão de explicar melhor o que vemos na TV.