quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Flavor of Life - Tradução (Utada Hikaru)

O Sabor Da Vida

Quando te escuto dizer “obrigado"
Meu coração dói por alguma razão
Como o feitiço que ainda não foi lançado
Desfeito depois da desintegração
Uma dor apenas ardente

O sabor da vida... o sabor da vida

Nem amigos, nem amantes em termos incertos
O fruto imaduro sonha com o dia da colheita
Não podia ir adiante
Estas mãos desesperadas

Quando te escuto dizer “obrigado”
Meu coração dói por alguma razão
Como o feitiço que ainda não foi lançado
Desfeito depois da desintegração
Uma dor apenas ardente
O sabor da vida...

Palavras que seduzem com uma conversa docemente chata
Não tenho interesse nelas
As coisas do pensamento não vão
Suavemente nesse momento
Não deixei
Minha vida ainda
Quando você me perguntou “o que aconteceu”
Nada respondi
A desaparição do meu sorriso
Depois da desintegração, não será como eu
sempre que eu desejei acreditei em você
Meu coração dói por alguma razão
Gostando de algo mais
Algo que você ama não é como você

Quando perco a pessoa que se
Está desmaiando longe da minha memória
Quero ser mais abertamente alegre
Sobre a branca neve juntando-se

O futuro que é mais liso
Mais ardente que o diamante
Quero abraçá-lo
Ainda com o tempo limitado quero estar contigo
O sabor da vida...

Quando te escuto dizer “obrigado”
Meu coração doi por alguma razão
Como o feitiço que ainda não foi lançado
Desfeito depois da desintegração
Uma dor apenas ardente
O sabor da vida... o sabor da vida

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Neil Gaiman II: Deuses Americanos (O melhor trecho na minha opinião)



Shadow não conseguia decidir se estava olhando para a lua do tamanho de uma moeda, a 30 centímetros de sua cabeça, ou se estava olhando para uma lua do tamanho do Oceano Pacífico, a milhares de quilômetros de distância. Nem se havia alguma diferença entre as duas idéias. Talvez tudo fosse uma questão de como encarar o assunto.
Ele olhou para o caminho bifurcado à sua frente.
- Que caminho devo escolher? Qual deles é seguro?
- Escolha um, e você não vai poder escolher o outro. Mas nenhum deles é seguro. Que caminho você percorreria... o das verdades duras ou o das boas mentiras?
- O das verdades. Eu já cheguei longe demais pra querer mais mentiras. Ele parecia triste.
- Você vai ter que pagar um preço, então.
- Eu pago. O preço que for.
- Seu nome - ela disse. - Seu nome verdadeiro. Vai ter que entregar pra mim.
- Como?
- Assim - ela disse.
Esticou uma das mãos em direção à sua cabeça. Ele sentiu seus dedos aca­riciarem sua pele, depois os sentiu penetrar seu corpo, sua caveira, sentiu-os entrando bem no fundo da cabeça. Sentiu cócegas dentro da cabeça e pela espi­nha. Ela tirou a mão. Uma chama, como a chama de uma vela, mas queimando com um branco de magnésio claro, cintilava na ponta do seu indicador.
- Isso aí é o meu nome? - ele perguntou. Ela fechou a mão, e a luz se apagou.
-Era.

*extraído do livro "Deuses Americanos", de Neil Gaiman.

Coisas Frágeis

Coisas Frágeis é a mais recente obra de Neil Gaiman, publicada aqui no Brasil pela editora Conrad.

Neil Gaiman é um dos maiores escritores de ficção em atividade, reconhecido pelos seus romances (Lugar Nenhum, Filhos de Anansi, Deuses Americanos, Coraline e Stardust) e pelo seu trabalho em quadrinhos (Sandman, o qual atualmente acompanho *o*). Em 'Coisas Frágeis', Gaiman mostra que seu talento como contador de histórias funciona perfeitamente no reino das narrativas curtas.Conversando com outros admiradores do cara, em seu novo livro Gaiman escreve com desenvoltura sobre os mais diversos universos - sejam criados por outros autores (com contos que aludem aos mundos de Sherlock Holmes, Matrix e Nárnia) quanto seus próprios, como no conto "O Monarca do Vale", que tem como protagonista o personagem Shadow, de Deuses Americanos.

Os nove contos de 'Coisas Frágeis' trazem Gaiman abordando os mais diversos temas, misturando puberdade, punk rock e ficção científicaem "Como Conversar com Garotas nas Festas"; combinando o Sherlock Holmes de sir Arthur Conan Doyle com o terror de H. P. Lovecraft em "Um Estudo em Esmeralda"; extrapolando o mundo de Matrix em "Golias", inspirado no roteiro original do primeiro filme; oumesmo presenteando a filha mais velha com um conto fantástico sobre um clube de epicuristas em "O Pássaro-do-Sol". 'Coisas Frágeis' é um tratado prático de como escrever boas histórias - histórias que, como diz a introdução do livro, "duram mais que todas as pessoas que as contaram, e algumas duram muito mais que as próprias terras onde elas foram criadas"... medo oO

Tipo, enquanto o preço na Conrad não baixa mais um pouquinho (está em torno de 38,00 fora o frete), a opção é buscar pelo download, disponivel em alguns sites.

















O gênio Neil Gaiman


-O tempo é fluido por aqui - disse o demônio.

Trecho de um dos contos disponíveis no site da Conrad: http://www.lojaconrad.com.br/trecho/osoutros_p1.asp


"Em um livro pertubador, divertido e comovente, Neil Gaiman explora diversos gêneros narrativos e revela seu domínio da arte de narrar uma história em cada página. Coisas Frágeis é uma preciosidade literária de um dos escritores mais criativos dos nossos tempos."

"Coisas Frágeis é um livro que consolida a reputação de Gaiman como um dos mais inteligentes e ímpares escritores de sua geração". Time Out

"Contos brilhantes de um mestre do fantástico." Washington Post

"Coisas Frágeis confirma a fama de Gaiman de engenhoso contador de histórias sinistras, cuja escrita caprichosa se equipara, em seu melhor, a Edgar Allan Poe." The Observer.












terça-feira, 17 de fevereiro de 2009


"O vazio é um meio de transporte
Pra quem tem coração cheio
Cheio de vazios que transbordam
Seus sentidos pelo meio
Meio que circunda o infinito
Tão bonito de tão feio
Feio que ensina e que termina
Começando outro passeio

E lá do outro lado do céu
Alguém derrama num papel
Novos poemas de amor

Amor é o nome que se dá
Quando se percebe o olhar alheio
Alheio a tudo que não for
Aquilo que está dentro do teu seio
Porque seio é o alimento
E ao mesmo tempo a fonte para o desbloqueio
E desbloqueio é quando aquele tal vazio
Se transforma em amor que veio

Lá do outro lado do céu
Alguém derrama num papel
Novos poemas de amor"

(Paulinho Moska)


Apresentação de Paulinho Moska no show "Tudo NOvo de Novo" em 05/12/2007


domingo, 15 de fevereiro de 2009

Bukowski: Safado, Complicado e Perfeitinho (os radicais me matariam com isso)

"você pode não acreditar nisto
mas há as pessoas
que passam pela vida com
muito pouca
fricção de angústia.

eles se vestem bem, dormem bem.
eles estão contentes com
a família deles.
com a vida.

eles são imperturbáveis
e freqüentemente se sentem
muito bem.
e quando eles morrem
é uma morte fácil, normalmente durante o
sono.

você pode não acreditar nisto
mas tais pessoas existem.
mas eu não sou nenhum deles.

oh não, eu não sou nenhum deles,
eu não estou nem mesmo próximo
para ser um deles.

mas eles
estão lá ...

e eu estou aqui."

Humor







Sacou?

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009


Cidade, um paraíso feito pela humanidade.


Expulso do Paraíso, o homem,órfão e à beira da morte, fugiu para sua existência terrestre.


O mais fraco dos seres, criado da sabedoria nascida desta fraqueza com o intuito de sobreviver no mundo, cria o seu novo Éden, alicerçado na rocha.


Para nos proteger do medo que a morte instiga, para saciar nossos descendentes com o prazer, criamos sozinhos um paraíso particular.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Her Morning Elegance - Oren Lavie







Recomendo o clipe: muito bonito *_*








"Sun been down for days
A pretty flower in a vase
A slipper by the fireplace
A cello lying in its case"

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Miedo


Tienen miedo del amor y no saber amar
Tienen miedo de la sombra y miedo de la luz
Tienen miedo de pedir y miedo de callar
Miedo que da miedo del miedo que da

Tienen miedo de subir y miedo de bajar
Tienen miedo de la noche y miedo del azul
Tienen miedo de escupir y miedo de aguantar
Miedo que da miedo del miedo que da




Tenho medo de gente e de solidão
Tenho medo da vida e medo de morrer
Tenho medo de ficar e medo de escapulir
Medo que dá medo do medo que dá

Tenho medo de acender e medo de apagar
Tenho medo de esperar e medo de partir
Tenho medo de correr e medo de cair
Medo que dá medo do medo que dá

O medo é uma linha que separa o mundo
O medo é uma casa aonde ninguém vai
O medo é como um laço que se aperta em nós
O medo é uma força que não me deixa andar


Tienen miedo de reir y miedo de llorar
Tienen miedo de encontrarse y miedo de no ser
Tienen miedo de decir y miedo de escuchar
Miedo que da miedo del miedo que da

El miedo es una raya que separa el mundo
El miedo es una casa donde nadie va
El miedo es como un lazo que se apierta en nudo
El miedo es una fuerza que me impide andar


Medo estampado na cara ou escondido no porão
O medo circulando nas veias
Ou em rota de colisão
O medo é do Deus ou do demo
É ordem ou é confusão
O medo é medonho, o medo domina
O medo é a medida da indecisão

(Trechos da música "Miedo" - composição de Lenine, Pedro Guerra e Robney Assis)

Deus, Ordem, Caos e a Vida



Sugiro, a princípio, dois filmes que abordam o tema: Efeito Borboleta (o primeiro, pois a continuação é um c*) e Caos, um típico filme policial norte americano. O primeiro filme aborda a teoria do caos num ponto mais filosófico; ele é objetivo. Caos tem uma linha mais subjetiva, indireta.



A Teoria do Caos segue uma de suas frases de sua formação: " Um leve bater de asas de uma borboleta pode causar um tufão do outro lado do mundo." Ou seja: o caos é nada mais que uma cadeia de eventos "sem importancia" através do tempo e do espaço, e que nos leva a um resultado imprevisível.


Tudo na vida é imprevisível, mas o que é um evento sem importância?


O caos questiona a possibilidade de fazermos previsões a longo prazo de qualquer sistema. Na sua praticidade, a infinidades de eventos nos impede de dizer que os atos, os quais você foi alvo, resultaram por obra de algo já previsto.

Ao meu ver, toda natureza a princípio segue uma ordem determinada (do Criador? Big Bang? Os dois?); a seguir alcançam sua independencia, tendem a agir por conta própria, não querem mais uma ordem dogmática, uma verdade absoluta: deseja a ordem livremente, sem estar preso a um sistema ordenado. Desejam conhecer a vida, mesmo que errando constantemente.


Um exemplo clássico de que a vida do ser humano e de toda natureza será totalmente plena se se aceitarem como seres caóticos está no mito bíblico da criação: Deus, ou seja, a Ordem Absoluta, cria toda a natureza organizadamente (cosmos). Tudo é ordenado. A criação perfeita gira em torno dos seres Adão e Eva, por serem imagem e semelhança do Criador. Para preservar um estado de vida adaptável aos sonhos de Deus, o homem é limitado a viver de acordo com normas pré-determinadas. Podem fazer de tudo: administrar o resto da criação, usufruir de seus bens produzidos, com excessão de tomar posse do conhecimento, o único meio de alcançar a liberdade interior. No entanto, Adão e Eva desejam se rebelar e rejeitam toda forma de vida pré estabelecida, cômoda e artificial: optam à experiencia caótica de desafiar aquilo que já estava determinado e, por meio do conhecimento, desejam construir sua história.

Logo, o caos é os estado natural dos seres humanos e de toda forma de vida. Claro que como punição ao "pecado" em optar pela liberdade de julgamento, Deus nos tira do "paraíso" e nos lança num mundo caótico, onde devemos administrar, decidir algo constantemente, derramar o suor, sentir a dor para gerar a vida. Na vida não existe garantia pra nada: todas as coisas ocorrem aleatoriamente, sem previsão. Situações embaraçosas, maravilha e terror podem ocorrer no mesmo tempo. O caminho do nascimento à morte é imprevísivel. Sei que vou morrer, mas não sei se será daqui a décadas ou antes de escrever essa frase. O modo como aceitarei a minha vida e as realidades que nela ocorrem é que determinará a minha felicidade.


Qual a saída para o "terror" do caos? Talvez esteja em vivenciar o momento presente, a realidade em que nos encontramos. Estamos vivos ainda, submissos àquilo que está por vir. Deixemos o previsível de lado e peguemos na mão do caos. O resultado é maior se eu me abraçar, um abraço caótico e quente.


"O caos é meu amigo"- Bob Dylan.


quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Com Estranhos (With Strangers - Little Joy)

Aposto que você está perguntando como eu sabia
Que isto tinha chegado ao fim
Ele roubou seu coração
Então você me jogou ao vento

Eu continuo fingindo não me importar
Mas o inverno cheira em seu cabelo
Compele minhas mãos a fazer
Coisas que meu coração não ousaria

Vou permanecer me firmando em você
Não vejo sentido em viver com estranhos
Somente você, só agora

E no crepúsculo das horas
Quando tolos são confundidos com homens
Esta sombra me abriga bem
Meus arrependimentos, vou enfrentar no final

Vou permanecer me firmando em você
Não vejo sentido em viver com estranhos
Somente você, só agora

Vou permanecer me firmando em você
Não vejo sentido no amor com estranhos
Somente você, só agora

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Orquestra Imperial *o8


Rue de mes souvenirs (Wilson da Neves Stephane San Juan)

Parfums venus d'Afrique me rappellent les temps
D'une douce vie passée auprès de toi
Que reste-t-il de nous maintenant, mon amour ?

Soleil de ton sourire illumine mes pensées
Tes yeux couleur d´ébène m´éclairent de beauté
Quel bonheur de sentir que tu es dans mon cÂœur
A jamais

Et le rêve d'une nouvelle nuit d´amour
Me hante toutes les nuits, je ne dors que le jour
Aussi loin que tu sois, près de moi n´est-tu pas, mon amour?

Errant dans les rues de mes souvenirs
Boulevard des meilleurs et faubourg des pires
Je passe devant l´impasse de mes désirs
Et voilà l´avenue de notre histoire finie

Errant dans les rues de mes souvenirs
Je vais suivant le chemin de l´instinct
Tout droit vers l´avenue de mon destin
Mais sans toi

Tradução:

Rua de Minhas Memorias


Perfumes vindos da africa me lembram os tempos
De uma doce vida passada sua
Lá permanece a vida, um passado proximo aos meus pensamentos
Seus olhos a correr na beleza de uma luz de ébano
Com felicidade de sentir que você está em meu coração
Para sempre

E o sonho de uma nova noite de amor
Eu assombro-me com o sono muito prejudicado apenas de dia
Por mais distante que voce esteja, em meu campo não é?

Errante em ruas cansadas das minhas memórias
Boulevard dos melhores e suburbio dos piores
Eu passo na frente do triste fim dos meus desejos
E voce a avenida do meu destino
Mas sem voce

Errante pelas ruas de minhas memorias
Vou segundo a quimica do instinto
Diretamente em direção a avenida do meu destino
Mas sem você



Vem a manhã
Quando eu posso sentir
Que não há nada a ser ocultado
Me movendo em uma cena surreal
Não, meu coração nunca, nunca estará longe daqui

Certo como estou respirando
Certo como estou triste
Manterei essa sabedoria na minha carne
Saio daqui acreditando em mais do que antes
E há uma razão pela qual, uma razão pela qual estarei de volta

Enquanto caminho o hemisfério
Tenho vontade de subir e desaparecer
Já fui ferido, já fui curado
E para descarregar já fui, já fui autorizado

Certo como estou respirando
Certo como estou triste
Manterei essa sabedoria na minha carne
Saio daqui acreditando em mais do que antes
Neste amor sem-teto

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Vá tomate cru!!!!


Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo fazendo sua língua.

Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia. "Pra caralho", por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que "Pra caralho"? "Pra caralho" tende ao infinito, é quase uma expressão matemática. A Via-Láctea tem estrelas pra caralho, o Sol é quente pra caralho, o universo é antigo pra caralho, eu gosto de cerveja pra caralho, entende?

No gênero do "Pra caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "Nem fodendo!". O "Não, não e não!" e tampouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade "Não, absolutamente não!" o substituem. O "Nem fodendo" é irretorquível, e liquida o assunto. Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida. Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo "Marquinhos, presta atenção, filho querido, NEM FODENDO!". O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar com a turma numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Lupicínio.

Por sua vez, o "porra nenhuma!" atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional. Como comentar a bravata daquele chefe idiota senão com um "é PhD porra nenhuma!", ou "ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!". O "porra nenhuma", como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha. São dessa mesma gênese os clássicos "aspone", "chepone", "repone" e, mais recentemente, o "prepone" - presidente de porra nenhuma. Há outros palavrões igualmente clássicos.

Pense na sonoridade de um "Puta-que-pariu!", ou seu correlato "Puta-que-o-pariu!", falados assim, cadenciadamente, sílaba por ílaba...Diante de uma notícia irritante qualquer um "puta-que-o-pariu!" dito assim te coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.

E o que dizer de nosso famoso "vai tomar no cu!"? E sua maravilhosa e reforçadora derivação "vai tomar no olho do seu cu!". Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: "Chega! Vai tomar no olho do seu cu!".

Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoa a camisa e saia à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios. E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu!". E sua derivação mais avassaladora ainda: Fodeu de vez!". Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação?

Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar: O que você fala? "Fodeu de vez!". Sem contar que o nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "foda-se!" que ela fala. Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"? O "foda-se!" aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Me liberta. "Não quer sair comigo? Então foda-se!". "Vai querer decidir essa merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!".

O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição Federal.

Liberdade, igualdade, fraternidade e foda-se.

Millôr Fernandes, humorista, teatrólogo e jornalista carioca








O Mundo Mágico de Gali Alligator rrssss.
Em alguns momentos o humor negro possui uma certa inocência, a princípio. Exemplo disso é este pequeno vídeo que meu amigo Roberto (só podia ser ele hauhauhau) me recomendou. Vendo bichinhos bonitos eu me espantei um pouco, mas conhecendo a pessoa que me enviou passei a acreditar que havia algo por trás disso rsrss. E realmente tem. Confira o vídeo: