quinta-feira, 6 de março de 2008

Essas mãos> Eu e a divindade fabricada e descontrolada> fé e algo mais que mãos estendidas


As mãos que tentam alcançar algo indolor.


Algo abstrato, inexistente, mas que para amenizar a dor das inumeras perdas, cria- se um mundo onde a fé é valida e concreta.


Fé... o que é basicamente um estado de fé?

Associamos esse nome a um emaranhado de situações nas quais o ser humano dá espaço pra suas divindades. Sim, divindades; deuses criados por nós, e por acabar perdendo o controle perante sua criação, atribuímos a eles a superioridade acima de nossa condição frágil.


Encaixamos nesses deuses aquilo que gostaríamos de ser. Nossos desejos de viver eternamente, nossos vícios de acharmos que é melhor viver sem erros. O Deus Todo- Poderoso, possuidor de todos os direitos em LETRAS MAIÚSCULAS.


E as mãos continuam a clamar ao desconhecido por um socorro.


Talvez por não concordar que é capaz de virar as páginas de sua vida sozinho. Por não querer aceitar que seus milagres são constituídos por seus próprios esforços. E este medo deriva da consciência de que para realizar milagres é necessario derramar suor, e derramar suor para muitos é maldição, castigo que Deus deu a Adão por este preferir ser livre e pecador a ser imortal, apático e submisso às suas verdades pré- fabricadas. Adão alcançou sua fé. Se libertou; despencou suas mãos, antes atadas, e continuou sua história. Uma história misturada a sangue e suor; a dores, alegrias e prazeres. Filhos, netos, bisnetos e mais despesas. Mas era sua vida, só sua e de mais nenhum deus.


Bom, para alguns este texto pode soar como lamentações de um pobre coitado que perdeu sua fé fraca; talvez uma fé solúvel. Para outros, é mais um texto que revela quem eu realmente sou, depois de aprender com os erros, meus amigos erros. Para mim, é algo que boto pra fora e me dá mais fé. A fé que sempre sonhei e que agora me revelam que tudo depende de minhas mãos que, antes elevadas na maior das necessidades, estão agora despencadas em direção ao chão firme e quente.


E as mãos continuam clamando.

Um comentário:

Anônimo disse...

Alexandre, concordo com a sua crítica. Porém, tenho a certeza de que o ser humano precisa se apoiar em algo para viver, para vencer certos desafios.
O problema é a forma que ele encara essa fé e religião, elevando-as a um patamar de adoração e fanatismo.
Esses acham que possuem fé, mas na verdade são pobres de espírito.
Sou a favor da fé consciente, aquela que independe de igrejas e pastores e que se concretiza em uma simples conversa noturna (ou a qualquer momento) somente com Deus e a pessoa.

Não levo à sério nada que um padre diz em uma missa (o único que tem o meu respeito e atenção é D. Gregório), muito menos me emociono com aquelas vozes rastejantes e "bondosas".

Acho que ninguém precisa disso para entrar em contato com Deus (sim, eu o sinto). Eu sou a minha igreja e não moldo as minhas atitudes de acordo com o que prega o catolicismo ou qualquer outra religião. Igreja e política possuem uma estreita ligação; não me submeto a respeitá-las acima de Deus.

Jesus só queria que os homens se amassem e é isso que eu faço. Amo a tudo e a natureza. Não sigo a cartilha da igreja e sim a que eu acredito que não fere o ser humano.

Isso chama-se pós-catolicismo, ou pós-religiosidade...como preferir.

Abraços!